21.1.07

Ainda sobre a 1ª reunião

Reuniram-se ontem cerca de sessenta sócios, no auditórios do IPJ em Aveiro, no âmbito do Movimento 1922. Se é verdade que este tipo de iniciativas são sempre importantes em qualquer colectividade que se pretende dinâmica e viva, também é verdade que, desta vez, o encontro deveu-se essencialmente a um facto: os sócios sentem que o clube está a ser mal gerido e caminha lentamente para o seu fim.Acima de tudo, agradou-me sentir que nenhum dos sócios que promoveu esta primeira reunião geral o fez por quezílias pessoais ou políticas, e destaco os discursos iniciais do Nuno Quintaneiro, Pedro Neves e o slideshow do Bruno Martins. Para além disso, todos os que compareceram tiveram oportunidade de falar, revelando uma cultura democrática que tem faltado exactamente na nossa direcção.Agradou-me perceber que, qualquer um dos sócios citados, fala com conhecimento de causa e verdadeiro amor ao clube, e que o Beira-Mar tem património humano mais do que suficiente a justificar a sua existência.As preocupações dos adeptos são muitas, a começar por um sentimento geral de afastamento da família aveirense. O número de sócios pagantes tem diminuído e a direcção não é capaz de, num só momento, pensar que isso se deve a ela mesma, à sua falta de diálogo e constante desprezo pelos sócios. A demonstrá-lo, leram-se algumas declarações de Artur Filipe a jornais regionais que são, no mínimo, graves.Os sócios têm que sentir que fazem parte deste projecto que se chama Beira-Mar, caso contrário vão-se embora. Eu faço o mesmo, no dia em que sentir que sou sócio duma empresa e não dum clube. Da gestão do futebol profissional também se falou, com números e dados concretos. É claro que é preocupante gastar dinheiro em inúmeros passes de jogadores e depois não tentar sequer rentabilizá-los; é claro que uma equipa como o Beira-Mar não pode andar a pagar salários a 40 jogadores; é claro que não se deve renovar a equipa técnica três vezes numa época sem motivo aparente, principalmente quando se troca um treinador com provas dadas por um espanhol que ninguém conhece de lado nenhum. É claro que, com esta não gestão, a descida de divisão pode significar o fim do clube, já que significa um enorme corte nas receitas. É claro para todos menos, talvez, para a direcção actual.No entanto, nem só de futebol vive o Beira-Mar, e o afogo financeiro das modalidades amadoras e escalões de formação chega a ser ridículo. Falou-se de cortes no transporte de jogadores júniores de Futsal, de cortes até nos lanches de equipas de infantis e iniciados. Mais grave ainda, na inevitabilidade de transferir fundos das modalidades amadoras para os salários que se pagam escusadamente na equipa profissional de futebol.É óbvio que a direcção está desnorteada, que o Beira-Mar está desgovernado, que os adeptos estão assustados. É óbvio que é necessário que o Movimento 1922 cresça e venha a ser um exemplo de intervenção cívica na vida do clube. Acredito que sim, que pode vir a acontecer.
Ivar Corceiro in Portal Beira-Mar